domingo, 23 de dezembro de 2012

Stanislao Lepri, um quase-desconhecido...

É muito mais comum do que imaginamos a quantidade de artistas talentosos, com obras consistentes, que passam em brancas nuvens pela mídia ou o mercado das artes. Há muito mais artistas do que o mercado comportaria, provavelmente por conta de uma certa política de sobre-valorização de alguns nomes em detrimento de dar a ver ao público quão numerosos são os artistas que fazem sua arte, acima de tudo, para si mesmos. Para se entenderem e tentarem entender o mundo ao seu redor.

Lepri vinha de família nobre romana, de um círculo restrito com fortes ligações com o Vaticano. Logo cedo quebrou com o conservadorismo de suas origens, indo morar em Paris com a também pintora italiana, Leonor Fini, e o poeta polonês, Constantin Jelenski. 

Quando começou a desenhar e pintar, dizia que era-lhe impossível deixar de pensar em quanta violência, pesadelo e surrealismo suas raízes lhe traziam. O peso da arte sacra, da culpa cristã, da falta de sentido do mundo real e da prevalência de um submundo cheio de visões demoníacas e exóticas, um mundo entre a punição e a liberação.

Lepri não pode ser vinculado a nenhuma escola poética da pintura do século XX. Mesmo com grandes doses de surrealismo, seu estilo é muito próprio, híbrido, remetendo, em cada obra, a diferentes influências - Brueghel, Henri Rousseau, Bosch, De Chirico (mais apropriado seria falar em aproximações do que em influências).  

Numa época em que ser vanguarda era ser conceitual, testar os limites da arte, Lepri era fiel às técnicas convencionais da pintura e da ilustração. Fiel a um estilo muito vinculado ao passado pictórico do renascimento europeu. Sua maneira de olhar para seu tempo era não apenas olhar para trás, mas, sobretudo, dentro de si mesmo...


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