quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A tal da liberdade...

O escritor norte-americano, Jonathan Franzen, autor de "Liberdade", publicado no Brasil, em sua mais recente edição, pela Companhia das Letras (vide capa abaixo)
Quando Jonathan Franzen foi anunciado como estrela maior da Feira Literária de Paraty (FLIP) desse ano, resolvi tomar coragem e enfrentar as cerca de 600 páginas do romance mais recente do escritor, "Liberdade". Curioso como somos mesmo empurrados a tomar parte da indústria cultural, seja via a versão sado-maso dos pulp books Bianca e Júlia, o cafona "Cinqüenta Tons de Cinza", seja por meio de uma obra celebrada como o grande romance norte-americano do século, estampando a capa da revista Time, e incluído no popular clube do livro de Oprah Winfrey. 

O fato é que "Liberdade" virou pop, citado pelo presidente Obama como seu livro de cabeceira de 2011, incensado pela crítica literária mundial, e fenômeno cult de público. E, repito, são 608 páginas a serem percorridas. O que, indubitavelmente, nos faz questionar onde reside o mérito de Franzen e de seu catatau literário. 

Não iria tão longe como certas resenhas críticas foram, apontando "Liberdade" como um panorama vivo e profundo da América dos últimos 40 anos. Na minha perspectiva, o que me levou a terminar essa história foi a trama de amor, amizade, ciúme, infidelidade, inveja, tudo misturado, que envolve os 3 protagonistas - o casal Walter e Patty Berglund, e o amigo de faculdade e roqueiro tão cult quanto fracassado, Richard Katz.

Não há nada de novo no front, contudo, Franzen consegue nos envolver e nos fazer identificar com os dilemas amorosos de seus personagens, todos os 3 às voltas com as conseqüências de suas escolhas - entre segurança e paixão, entre ceder à tentação de seduzir e à lealdade a uma amizade antiga, entre remoer o ressentimento e superá-lo pelo perdão.

Com todo o desgaste que o termo liberdade vem sofrendo - vide a mais recente tragédia norte-americana - existe ainda uma forma de resgatar seu significado: buscando no microcosmo da ação humana, das interações interpessoais, as razões para o que acontece no universo da cultura ocidental contemporânea. O nonsense vem de nós mesmos, de nossa natureza.

 PS - Em tempo: "Cinqüenta Tons de Cinza" e sua trilogia não puseram os pés nessa casa... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário