sábado, 8 de dezembro de 2012

Sobre o Instagram


Vivemos já há algum tempo a febre do aplicativo Instagram (creio que não preciso explicar aqui do que se trata; a grande maioria das pessoas com quem convivo ou participam diretamente dessa rede social móvel ou já ouviram falar dela).

Nos últimos anos as artes visuais têm adentrado fortemente o mundo da tecnologia. A utilização de novas técnicas de captação e manipulação de sons e imagens, de novas plataformas de visualização e percepção, abrem novos caminhos pra criação artística. Mas não necessariamente excluem formas pretéritas, tradicionais, nem tampouco significam um empobrecimento das formas artísticas. A fotografia não morreu por conta da passagem do analógico para o digital. E tampouco o Instagram pode ser pensado como uma forma de vulgarização da arte fotográfica. Trata-se de mais uma rede social bem-sucedida em nos seduzir, nos viciar em brincarmos de ser fotógrafos, artistas. Como um diário pessoal, acrescentamos cada passo dado em nosso dia-a-dia – a comida que comemos; os pés descalços na areia; os gatos e cães de estimação; o vários skylines e sóis se pondo; as nuvens; um elemento decorativo antigo num portão enferrujado; uma arte de rua; um auto-retrato refletido no espelho do banheiro.

Sim, vivemos num mudo cada vez mais auto-referente, onde o narcisismo e o egocentrismo grassam à velocidade da luz. O mais complicado, na minha opinião, é essa intensidade e aceleração, porque de auto-referência e obsessão a história da arte está repleta. O que pode cruzar a fronteira e indicar um excesso de banalização é a perda de parâmetros, dada a avalanche de informações repetidas e mesmices. Mas arte é isso aí também: engodo, artifício, joio misturado com trigo, falsos brilhantes e anões de jardim.

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