quinta-feira, 9 de maio de 2013

autorretrato sem rosto...

Heide Lender é a fotógrafa autorretrada acima. Escondendo o rosto de forma proposital na série "Once Upon", a artista quer dar-se a conhecer pelas referências ao seu redor, pela cenografia, pelo figurino. Tudo, menos a entrega óbvia do rosto. 
"Autorretratos sem rostos" foi o título da oficina organizada pelo Festival Mamute no ano passado, da qual resultaram esses 5 autorretratos.
Na fotografia contemporânea, o subgênero autorretrato vem testando seus limites poéticos. E o autorretrato sem rosto pode ser considerado uma tendência. Não me refiro ao termo pejorativamente. É uma forma do artista/fotógrafo exercitar outras intenções subjetivas e autorais, como o gesto e a performance, a atuação na própria obra, onde a negação do puro registro face a face representa também uma negação de uma redução criativa e, consequentemente, de possibilidades de interpretação.

Ampliar e diversificar os diálogos com o espectador, o alter-ego e, simultaneamente, o interlocutor do autorretratado, transforma-se no objetivo maior. Não se  trata de uma contradição em termos, mas sim de um chamamento à reflexão estética, com o intuito de romper, no receptor da imagem, qualquer relação unívoca entre identidade e identificação. Entre o seu e o meu rosto. A tentativa de estabelecer uma identidade polimorfa, com potencial de mais significados e sentidos. Uma narrativa.

Não me conheço mais porque me olho no espelho. Vou me assombrando e me encantando com o que vejo de mim quando perambulo pelos meus sonhos, medos, memórias de afetos vividos, de lembranças tolas. Um inventário de vários rostos e formas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário