domingo, 10 de março de 2013

fotografia em movimento...


Fiquei feliz com a repercussão que os dois últimos posts do blog obtiveram. É fundamental para quem escreve ter um público com quem dialogar. Tratar de temas que lhe sejam interessantes, que suscitem crítica, reflexão e retorno, como a indicação da obra do fotógrafo Richard Caldicott, a qual eu não conhecia (obrigado, Andrea, pela dica; quero fazer um post a respeito, já que tem tudo a ver com a pegada construtivista e geométrica que venho estudando).

Neste post, em particular, trago a obra do fotógrafo japonês, hoje radicado nos Estados Unidos, Shinichi Maruyama. Um caso exemplar de uma trilha que a fotografia vem tomando recentemente - a de se relacionar com o objeto retratado de maneira não apenas pictórica mas também escultural e cinética. 

Quando olhamos para a série "Nude", de Maruyama, na qual mais de 10.000 cliques foram tirados ao longo da performance de bailarinos nus, e, posteriormente, compostos de maneira sintética, literal e imageticamente, a ponto de nos remetermos a registros de movimentos de dança como pura abstração. Uma essência fantasmagórica. Uma abstração gestual tão forte oferecida pela concisão dessa quantidade imensa de fotos condensadas num ato performático único, aquele que, sem poder contar com a ajuda do movimento, é obrigado a contê-lo em si em apenas uma imagem.

É como se Maruyama não quisesse, intencionalmente, optar por uma imagem representativa de uma realidade específica - indivíduos nus, dançando. Como traço do real, a sua opção - e realização da obra, graças aos recursos tecnológicos hoje à disposição das artes visuais - foi a de reunir todas os registros fotográficos tirados, o maior número possível, até que, como resultado, temos acesso a uma totalidade que, ao mesmo tempo, resumem-se a instantes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário