sexta-feira, 8 de março de 2013

foto-pintura...


Quando a fotografia surgiu houve uma grande desconfiança de seus atributos como suporte artístico. Afinal, ela era vista como mera reprodução do real intermediada por uma máquina e, até há algum tempo atrás, por um processo químico. Num certo sentido, era uma certa reação à ameaça que tal suporte artístico trazia à pintura da época, eminentemente figurativa e realista.

Num segundo momento, a pintura se sentiu libertada da figuração do real justamente por quem, no início, era tido como seu principal inimigo - a fotografia. Muitos pintores do início do século XX declararam seu compromisso com uma poética própria, um estilo que não se prendesse ao realismo, relegando à fotografia essa tarefa. 

Anos e décadas de experimentação tanto de um lado como de outro - fotografia e pintura - resultaram num diálogo muito curioso entre os dois suportes artísticos. Hoje, vemos a pintura agarrando-se ao real de modos extremos, por meio de um hiper ou ultra-realismo. De forma análoga, temos obras fotográficas que buscam uma dimensão pictórica em sua poética, em atmosferas evocadas e sugestionadas. 


Um exemplo é o ensaio clicado pelo fotógrafo alemão, Juergen Teller, para a revista francesa Paradis, em 2006. Nele, a modelo Malgosia Bela é retratada em diversos estudos de corpo em cima do divã original de Sigmund Freud, hoje em exibição em sua última casa, em Londres. A paleta de cores, a luz, a resolução, o contraste, os enquadramentos, as posições da modelo, todos esses elementos nos remetem à pintura de artistas como Cézanne, Derain, Schiele, Lucien Freud, Sickert, Hopper.

Fotografia e pintura acabaram por se fundir e, assim, nos confundir. Há muitos veios de ouro a serem explorados nesse conflito/conversa.  




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