sábado, 12 de janeiro de 2013

vivemos num mundo grotesco?


o ultra-realismo grotesco das esculturas do sul-coreano Choi Xooang.

O vocábulo "grotesco" advém das expressões da língua italiana, la grottesca e grottesco, cuja origem é a palavra "grotta", que significa gruta, caverna, espaço subterrâneo. O termo foi utilizado para denominar objetos ornamentais e pinturas encontrados em escavações feitas em Roma no final do século 15, nos subterrâneos das Termas de Tito, e em outras regiões próximas da Itália. Suas formas eram inacabadas, abertas e fantásticas, metamorfoses de figuras humanas com animais, fugindo da representação real. O grotesco é o belo de cabeça para baixo; é uma espécie de catástrofe do gosto clássico. No século 18, o classicismo rejeita o grotesco por considerá-lo algo imaginado, sonhado, fantasioso, irreal, sem significado, de mau gosto, distante da inteligência e da verdade.

No entanto, com o passar do tempo, o bizarro e o deformado apresentados pelo então chamado estilo "grotesco" incorporaram-se às artes em geral. Justamente pelas características que antes lhe eram rechaçadas: a representação do fabuloso, do macabro, angustiante, violento, demente. E o que no renascimento e no classicismo era tido como uma linguagem que deveria permanecer escondida, fora do alcance do olhar humano por não ser belo para os padrões da época, hoje em dia compreende uma série de poéticas e técnicas que revelam com contundência aquilo que não está mais escondido, mas, ao mesmo tempo, não está sendo percebido pelo olhar humano. O grotesco hoje tira o véu daquilo que nos esconde, nos soterra, nos deixa no breu, sem luz. Num certo sentido, é o renascimento contemporâneo.

Um exemplo de traço grotesco dentro de uma técnica ultra-realista são as esculturas do sul-coreano Choi Xooang. As deformações estão presentes em corpos desequilibrados em suas medidas e proporções; corpos mutilados ou metamorfoseados em contextos oníricos. Representações de realidades à flor da pele. 


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