sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

o suspense ao redor...

Imagine um filme brasileiro de baixíssimo orçamento - nem R$ 2 milhões de custo - que fala sobre o cotidiano de violência e de conflito de classes numa rua do bairro de classe média alta de Boa Viagem, no Recife, abocanhar no ano passado várias premiações em festivais internacionais importantes, como o de Rotterdã, e ser selecionado, pelo The New York Times, como um dos 10 mais importantes filmes de 2011.

Essa façanha é mérito de "O Som ao Redor", de Kléber Mendonça Filho, o qual, no primeiro final de semana em cartaz em São Paulo e Rio, emplacou um score de 11 mil espectadores.

E não se trata de um filme com elenco conhecido ou uma história palatável, costurada de forma tradicional numa trama clássica. "O Som ao Redor" é um filme de sutilezas, de tensão para o espectador durante todo o seu desenrolar. Esperamos que algo aconteça, em cada uma de suas sequências de alto teor atmosférico, mas somos surpreendidos por uma outra impressão, por sentimentos atravessados.

Costurado como um filme mosaico por intermédio da poluição sonora que faz parte do dia-a-dia de metrópoles como Recife, "O Som ao Redor" nos remete à poética da cinematografia oriental - sul-coreana, chinesa - em que situações banais, aparentemente sem sentido, inflam, tomam corpo, e resultam em ações inesperadas e violentas. 

Uma metáfora da atmosfera autoritária em que vivemos de forma subliminar nesse país, seja em Pernambuco ou São Paulo. Não deixe de ver.

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