Lepri vinha de família nobre romana, de um círculo restrito com fortes ligações com o Vaticano. Logo cedo quebrou com o conservadorismo de suas origens, indo morar em Paris com a também pintora italiana, Leonor Fini, e o poeta polonês, Constantin Jelenski.
Quando começou a desenhar e pintar, dizia que era-lhe impossível deixar de pensar em quanta violência, pesadelo e surrealismo suas raízes lhe traziam. O peso da arte sacra, da culpa cristã, da falta de sentido do mundo real e da prevalência de um submundo cheio de visões demoníacas e exóticas, um mundo entre a punição e a liberação.
Lepri não pode ser vinculado a nenhuma escola poética da pintura do século XX. Mesmo com grandes doses de surrealismo, seu estilo é muito próprio, híbrido, remetendo, em cada obra, a diferentes influências - Brueghel, Henri Rousseau, Bosch, De Chirico (mais apropriado seria falar em aproximações do que em influências).
Numa época em que ser vanguarda era ser conceitual, testar os limites da arte, Lepri era fiel às técnicas convencionais da pintura e da ilustração. Fiel a um estilo muito vinculado ao passado pictórico do renascimento europeu. Sua maneira de olhar para seu tempo era não apenas olhar para trás, mas, sobretudo, dentro de si mesmo...
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