Banner na fachada do prédio do CCBB de São Paulo, reprodução da obra de Édouard Manet, também capa do catálogo da mostra "Impressionismo - Parias e a Modernidade" |
O CCBB de São Paulo, em conjunto com os demais centros culturais do Banco do Brasil espalhados entre Rio, Brasilia, e o recém-inaugurado de Belo Horizonte, têm mostrado um trabalho consistente não apenas no âmbito das artes visuais, mas também nas artes cênicas, mostras de cinema e eventos literários, como palestras e mesas redondas, bate-papos com autores e artistas em geral.
Pode-se fazer uma crítica à linha curatorial escolhida pela instituição: de que ela tem privilegiado exibições de grande impacto midiático, com retorno garantido de marketing indireto para o banco, em vez de fomentar artistas menos conhecidos. Ok. Mas penso que, dentro das limitações de minimização de riscos impostas por uma organização financeira, o que os CCBBs vêm fazendo tem sua dose de ousadia. Sobretudo no quesito formação de público, dando a oportunidade ao espectador em geral de apreciar não apenas obras consagradas que raramente poderão ser revistas no país, como a dos impressionistas, como também trazer ao conhecimento do grande público nomes de grande estatura conceitual e formal da artes visuais contemporânea como a alemã Rebecca Horn e o inglês Antony Gormley, por exemplo (houve ainda a expo do Escher, e temos a que está atualmente em cartaz, muito bem alinhavada em termos de concepção).
A meu ver, é dever de um centro cultural com essa envergadura tornar as artes visuais acessível ao grande público. Mostrar que é apenas uma questão de hábito formarmos nosso gosto estético, aprendermos a apreciar arte. Não há nada de intelectualizado nisso. Por isso, não ratifico opiniões dadas por alguns críticos de que o CCBB torna a arte pop, vulgar, pelo barulho causado pela mostra dos impressionistas. Ter contato frente à frente com uma tela de Degas, de Monet, vários Renoir, é um privilégio que não deve ser restrito a poucos.
Defendo a desmitificação do objeto artístico. Não em seu encantamento, em seu conteúdo e forma, mas no seu caráter de acessibilidade e comunicação com o espectador. Arte não é coisa de outro mundo. É coisa do mundo de cada um de nós, desde o crochê das nossas avós até as esculturas monumentais de Gormley (que, para mim, foi o destaque das exibições feitas pelo CCBB esse ano).
De qualquer forma, parabéns ao centro cultural do Banco do Brasil.
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