O cineasta Jean-Luc Godard afirmou uma vez que toda boa obra de ficção
deveria parecer um documentário em seu resultado final, o mesmo valendo para o gênero documentário, o qual tanto melhor quanto mais permeável ao mundo ficcional, à
invenção.
O trabalho da fotógrafa Sofia Borges parece seguir essa premissa
de Godard: se a fotografia é a arte per
se do registro, da documentação, e absolutamente reproduzível, por que não manipular
suas técnicas ao extremo, fragmentando-a pela utilização de vários
tempos de exposição, de várias temperaturas de cor, até criar uma outra
realidade que já não é mais compatível com o registro inicial do aparelho câmera.
Por isso essa impressão de pintura em seus trabalhos, impressão de objetos e cenários estranhos, irreconhecíveis a um
primeiro olhar. Uma atmosfera barroca e monstruosa, ao mesmo tempo.
Como diz o dito popular: nem tudo o que reluz é ouro (embora possa parecer...).
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