Registro de interação concebida por F. E. Walther e "ativada" por mim e uma amiga, utilizando a mesmo objeto de tecido criado pelo autor |
Outro registro de interação do público com os tecidos de Walther. |
F. E. Walther é um dos mais importantes artistas alemães de
sua geração . Nascido em 1939 e ainda em atividade, sua obra ganhou força e
reconhecimento a partir dos anos 60, baseada na enorme influência recebida por
Joseph Beuys e no compartilhamento, nessa época, do conceito de performance e
interatividade do espectador como co-autor da obra de arte.
Walther concebeu peças muito simples e básicas, feitas de
tecido de corte reto, formas geométricas simples e cores sóbrias. A partir da
manipulação desses objetos-vestimenta por parte do público, Walther foi
determinando poses, posições e formas de interação as quais foram registradas
fotograficamente ao longo do tempo.
Na trigésima bienal de São Paulo, no espaço central à frente
do início das rampas, estava disposto um retângulo de forração de grandes
proporções, para que os visitantes pudessem “ativar” – na própria definição do
artista – as performances ou esculturas humanas idealizadas pelo artista há
mais de 4 décadas.
Antes, porém, o público tinha acesso aos registros do
passado, situações como à representada pela fotos acima.
A partir daí, com a ajuda de um monitor, e um “cardápio” de
poses e cenas propostas pelo alemão, qualquer um de nós, sozinho, em dupla ou
em grupo, poderia reencenar uma das situações concebidas e registradas por
Walther.
Uma vez escolhida a performance, ela deveria ser executada como
se fôssemos – e éramos – os co-realizadores da obra: com seriedade e sobriedade,
sem sair das marcações já propostas.
O vídeo do próximo post mostra eu e Andrea ativando uma
das interações do menu “waltheriano”, fazendo uso do tecido original especificamente
destinada a essa performance.
Naqueles minutos, saímos da posição de espectadores para a
posição de realizadores. Demos vida à obra de Walther, novos sentidos a serem
captados pelo público ao redor, que tirava fotos, filmava ou apenas
observava-nos como se não compartilhássemos mais da mesma condição que a deles. E, de fato, naqueles segundos, éramos
os artistas, um pouco deslocados na nossa intimidade poética.
Outra interação dentro do cardápio de ativações oferecidos na trigésima bienal de São Paulo |
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