Durante 40 minutos, num cenário concebido como um show-room glamuroso, com um grande espelho antigo posicionado ao final de uma passarela, Saillard repassava a Tilda peças de vestuário do acervo do museu - jaquetas militares da era napoleônica, vestidos autênticos desenhados por Balenciaga, Chanel, Elsa Schiaparelli, além de inúmeros acessórios e vestimentas originais dos séculos XIX e XX.
Tilda usava apenas um vestido branco, como um avental, passando a ideia de uma tela em branco. Quando recebia as roupas ou acessórios de Saillard, ela os cheirava, segurava-os com um misto de reverência e desejo. Mostrava cada peça ao público como se fossem sagradas, como se carregassem consigo a alma de seus donos. Vesti-as raramente.
Saillard conta que não pensou em outra pessoa para protagonizar esse projeto. Para ele, a atriz britânica personifica um ser andrógino, uma entidade renascentista etérea, uma semi-deusa. Ao mesmo tempo, ele brinca ao falar que Tilda é bege, nude, uma moldura vintage para o tal guarda-roupa impossível.
Pessoalmente, tenho enorme admiração pelo trabalho de Swinton. Uma atriz ousada, de personalidade, que assume seus personagens sem passar a ideia de esforço para personificá-los, como se atuar fosse um vestido de caimento perfeito, alta-costura.
Simplesmente se "é" Tilda Swinton. Ponto.
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