quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

árvore genealógica...

Constituída por nove registros fotográficos tirados desde a luz da manhã até o entardecer, "árvore genealógica", de 2000, refere-se ao conjunto de pensamentos, frases, contos e ditos populares que remetem à linhagem ancestral do chinês Zhang Huan, desenhados por três especialistas em caligrafia sobre seu rosto e cabeça até que não sobrasse mais espaço de pele que não estivesse inteiramente recoberto de nanquim.

Ao mesmo tempo que representação da afirmação de suas origens e referências, o rosto enegrecido de Zhang Huan nos fala de anulação, de perda de identidade. Entre esses dois pólos está a noção de que, ao seguirmos nossa trajetória, não temos o controle absoluto sobre ela. Da origem ao fim, seguimos guiados por um certo destino, um certo acaso a determinar nossas escolhas e ações.

No espectro abrangente da arte contemporânea mundial, é inegável a quantidade de artistas cujas obras estão intrinsecamente entrelaçadas com suas personas, suas vidas. É o caso de Zhang Huan. Seu mundo interior, subjetivo, a interpretação pessoal da experiência vivida, são fundamentais como materiais constitutivos de seu trabalho. Isso tem um peso ainda maior vindo de um país como a China. Ou, de outro modo, isso tem um sentido específico tratando-se da cultura chinesa, uma cultura tão rica e antiga, recorrentemente confrontada entre o coletivo e o individual, entre tradição e modernidade, totalitarismo e liberdade. 

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