domingo, 10 de fevereiro de 2013

parecer é ser, só não leve ao pé da letra...

A moda, como indústria, já abandonou há algum tempo o formato tradicional da publicidade para vender. Pelo menos no caso das marcas que desejam atingir um público de nicho, supostamente mais antenado com o mundo das artes, do design e da internet. Os chamados eternamente jovens, se assim podemos colocar no mesmo saco os hipsters, cult-bacaninhas, cools, fashionistas, e artsy people em geral (não me excluo dessa não).

O clã Coppola é um bom exemplo dessa geração e/ou modo de vida. Roman, Gia, Sofia, todos, de alguma forma nunca tiraram o pé de tentar buscar um reconhecimento dentro de um certo círculo mais cult em Hollywood, mais diferenciado. Eis que aí pode morar o perigo, uma vez que a tentativa frenética de ser alternativo pode gerar, em si, um novo clichê. O clichê do que não pode ficar por fora de nada, daquele que faz meninos e meninas (no sentido sexual mesmo), do hedonista, do que quer parecer natural um papel no qual o fake já está incorporado (o filme de Matthew Frost com Lizzy Caplan, recém-postado na fan page do blogo no fb é exemplo de paródia desse mundo, desse estilo). 

E alguém me relembrou de "Hotel Chevalier", curta-metragem prólogo de "Viagem a Darjeeling" (2007), do idiossincrático Wes Anderson. Trata-se de um curta independente do filme - porém complemetar -, com apenas um dos seus personagens, o de Jack (Jason Schwartzman), o mais jovem dos 3 irmãos Whitman do longa de Anderson. Angustiado pela infidelidade frequente da namorada - interpretada por Natalie Portman - ele curte sua deprê gastando milhões hospedado num hotel de luxo em Paris. 

As cores são quentes, com o amarelo predominando, e todo o figurino e grande parte dos objetos de cena são Louis Vuitton por Marc Jacobs (aí entra o branding). E Portman, a meu ver, está caricaturalmente ótima em seu papel blasé, de mulher dominadora, que faz seu namorado refém de suas atitudes e pontos de vista. Vale rever, pois, de algum modo, somos reféns dessa opinião dos "outros", de parecermos cultos e sempre atualizados com o que está acontecendo, de sermos modernos em nossos figurinos, de, inversamente, revelarmos um desejo, nessa submissão, de que os outros "outros" passem a nos tomar como referência. Antídoto para isso: não leve os outros, nem a si mesmo, muito a sério.

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