quinta-feira, 20 de junho de 2013

a cavaleira e o assassino do rei...

Brienne de Thar (Gwendoline Christie) e Ser Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau): duas personalidades completamente opostas e conflitantes que acabam por se atrair numa relação tão intrincada quanto inverossímil. O grande talento das histórias bem contadas: incluir contradição e conciliação, sem exclusão de uma pela outra. 
Até bem pouco tempo me considerava excluído da febre que assola o mundo do entretenimento chamada "Game of Thrones". Até um amigo me fazer o enorme favor de emprestar a primeira temporada da série. Pronto, pego na armadilha da luta intestina do jogo dos tronos, com direito a muito sangue, sexo, intrigas, diálogos afiados, romances intensos, batalhas grandiosas, votos de lealdade, cavaleiros e damas, casas heráldicas, uma direção de arte incrível e um roteiro que lança arcos dramáticos tão bem enovelados que a gente se vê totalmente enredado, num misto de expectativas revertidas e sabor de "quero mais". Uma produção mega, em todos os aspectos (me faz pensar quando as produtoras aqui no Brasil, junto às TVs a cabo, chegarão a esse padrão de qualidade dramática e técnica; na minha cabeça, ainda um sonho distante). 

Para encurtar a conversa, já estou na metade da 3a. temporada. Em menos de 2 semanas, comi, bebi, dormi e acordei "Game of Thrones". Deixei livros de lado. Até de sair à noite. Pela intensidade do apaixonamento, poderia criar um blog exclusivo para comentar a série. Prefiro, porém, confessar que me rendi ao feitiço e, depois, atiçar a vontade dos ainda não iniciados a aderir ao vício.

A atriz inglesa Gwendoline Christie, que interpreta a cavaleira andrógina Brienne de Thar: 1, 91m que colaboraram para que o papel fosse dela.
Mais: prefiro falar de uma das minhas personagens preferidas (são várias, muito difícil escolher uma só). Chama-se Brienne of Thar, uma cavaleira de jeito masculino, enorme, alta, extremamente corajosa e leal a suas causas. Uma exímia guerreira e também mais uma outcast daquele mundo (uma mulher-homem?). Essa personagem andrógina, já presente no livro "A Song of Ice and Fire" no qual a série é baseada, é interpretada pela inglesa Gwendoline Christie, 1 metro e 91 centímetros, uma valquíria loura perfeita para o papel (só não é mais perfeita porque, no livro, a personagem é descrita como feia e de corpo desengonçado). 

Tirando as especificidades do physique du rôle, a interpretação de Gwendoline para Brienne de Thar é cativante. A atriz é muito bem-sucedida em dar tonalidade a uma cavaleira errante de grande força e coragem, cujos votos de lealdade a seus reis e senhores são inequívocos, pétreos. Ao mesmo tempo em que, com a tarefa de escoltar e devolver Ser Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) à corte de King's Landing, ela se vê forçada a conviver com um nobre mimado, incestuoso, sem escrúpulos, aka Kingslayer por ter apunhalado pelas costas o rei ao qual ele devia servir e proteger. Uma cavaleira de ética irrepreensível frente à frente com um nobre sarcástico, vil e arrogante. Todavia, não sem qualidades. Pelo menos ao longo da relação de atração mútua que se desenvolve entre Ser Jaime e Brienne, entre dois mais diferentes, impossível. Uma brecha para a humanização de ambos: a redenção, para Jaime, e o afeto, para Brienne. Uma história de amor cheia de som e fúria, como talvez sejam as verdadeiras histórias de amor. Irracionais, ilógicas, mas de grande sentido místico, inexplicável. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário