segunda-feira, 15 de julho de 2013

conhecer para reconhecer...

Jaime Melo aka Jaloo
Ontem o site de música e rádio online deep beep inaugurou uma nova festa no Centro Cultural São Paulo, chamada sala deep beep. À parte o trabalho admirável de curadoria que o site vem fazendo com músicos e djs de várias tendências e origens, o destaque da noite de ontem foi o dj Jaloo. Como é conhecido Jaime Melo, natural de Castanhal, estado do Pará. 

Autodidata assumido, em meio ao seu Live PA, Jaloo brincou ao afirmar que quem tem internet discada tem acesso ao mundo todo. Um mundo de referências musicais que o dj ouviu, ouviu, ouviu e ouviu. E assim produzir música parece-lhe uma consequência natural desse processo de educação por meio da pesquisa.

Outra fala de Jaloo ao público ontem foi muito apropriada para tempos pós-modernos. O dj não pediu pelo reconhecimento mas sim pelo conhecimento do seu trabalho e, consequentemente, do tecnobrega paraense. Se ele próprio investigou, ouviu e formou suas opiniões sobre música, não importando de que nacionalidade, por que o público em geral não faz o mesmo? Aparentemente ávidos por informação, estamos acostumados ao consumo fácil, superficial. E obedecemos a certas máximas ditas por pseudo-intelectuais de que o tecnobrega é um subproduto da cultura brasileira ou que o hip hop da periferia das grandes cidades é mera aculturação. É muita bobagem. Primeiro, porque o que garante a qualidade e a validade artística de uma obra, uma música, não é sua nacionalidade; essa é uma visão ideológica e fascista. Segundo, porque é muito mais rico e saudável admitirmos que navegamos num mundo repleto de referências que estão ao nosso dispor; o que é necessário - e vai ao encontro da fala de Jaloo - é debruçar-se sobre essas referências e conhecê-las, aprofundar-se nelas, com tempo. 

Na sua apresentação, com direito a bailarinos e coreôs ao estilo brega paraense, o dj Jaloo demonstrou que sabe botar o povo pra dançar, que sabe utilizar os acordes e batidas das festas de aparelhagens de Belém e mesclá-los à música feita por uma Bjork, um The Knife ou uma Grimes. Jaloo demonstra por A + B a aproximação existente entre a vocalização sofisticada sobre batidas simples produzida seja na Europa, na América do Norte, seja no país dentro do nosso país chamado Pará. 

Como vários garotos e garotas no mundo inteiro - e também às pencas aqui no Brasil -, Jaloo faz parte dessa geração nerd-talentosa-internet que produz sons incríveis no quartinho dos fundos de casa. Muitos dessa geração irão longe. 

Fiquem com esse cover muito bom de oblivion...

2 comentários:

  1. obrigado pela presença na primeira edição da sala deepbeep, marcão.
    a próxima vai rolar em setembro!

    já escutou o mix do jaloo no deepbeep?
    http://www.deepbeep.com.br/db-series/db180-jaloo/

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    1. adorei a festa... e o jaloo foi uma grata surpresa... estarei na próxima edição, seguro... abração...

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