Nesse contexto, vem à tona a história de Vivian Maier, e sua arte, sobretudo. Milhares de registros fotográficos, de negativos, de filmes a serem revelados, de rolos de super-8. Uma vida em segredo respirando arte para si própria, somente. Pela obsessão ou pelo prazer de fazer arte. Não importando reconhecimento, legado, resultado. Uma separação quase brutal, violenta, entre a mulher que ganha sua vida como babá e a artista que sai anônima pelas ruas da cidade, e se tranca em seu quarto para processar sua arte. O legado de Vivian Maier talvez chegue a ser comparado ao de um Cartier-Bresson, pela potência de seus registros fotográficos, pela enorme intimidade estabelecida entre sua câmera e seus retratados. Uma espiã disfarçada de babá. Uma qualquer. Uma autora de obra monumental. Aqui, a dialética entre a vida e a obra de um artista está posta: uma separação tão radical das duas que reforça a inseparabilidade de ambas. A vida de um artista é tão fundamental para sua obra quanto mais ele pensa sua precariedade existencial, quanto mais ele se debruça sobre o fazer artístico, e, assim, sobre a significação de sua impermanência. Algumas pessoas conheceram Vivian Maier como filha, amiga, empregada, cliente, mas nunca como artista. Agora, estamos diante da riqueza de sua obra.
Abaixo, trailer do documentário sobre essa obra fascinante, e a história por trás dessa obra.
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