David Lynch tem uma tal ligação com a deformidade que, penso, só um artista tão multi-disciplinar conseguiria dar o status poético que ele concede a essa categoria. Seu sucesso é transformar esse desforme em algo lírico, pertencente a um outro mundo, uma outra dimensão. Incluo também "Uma História Real" (1999) como um filme coerente dentro dessa tradição lynchiana, pois o velhinho que percorre não sei quantos mil quilômetros num cortador de grama para reencontrar seu irmão nos emociona justamente por esse caráter ilógico e realisticamente surreal de uma epopéia, um road-movie "povero", que, ao meu ver, remete a um elemento de unicidade e grandiosidade ao outcasted, outlaw, ao freak, ao marginal e montruoso. Um caráter de enorme beleza.
David Lynch lança, no dia 15 de julho, seu novo álbum chamado "The Big Dream". Nome mais apropriado, impossível. Depois de "Crazy Clown Time", de 2011, o novo LP/CD do diretor norte-americano centra-se no blues. No azul dos sonhos, a ligação é quase imediata. Com uma regravação de "Ballad of Hollis Brown", de Bob Dylan, a participação, nas guitarras, de seu filho Riley, de 21 anos, mais uma faixa bônus com a sueca Lykke Li nos vocais, em "I'm Waiting Here". Esta última seria uma das únicas razões possíveis para eu gostar ainda mais de David Lynch.
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