Audrey Tautou e Romain Duris em "A Espuma dos Dias", de Michel Gondry. Virtuosismo pelo virtuosismo. |
O pior dos mundos, a meu ver, é tentar se esforçar, fazer bastante barulho, demonstrar toda uma expertise, e morrer bem antes da praia. É como vi "A Espuma dos Dias", mais recente longa do francês Michel Gondry, adaptado da obra do multifacetado Boris Vian. Soa pretensioso. Melhor baixar a bola, e ralar no roteiro, numa maneira atraente de contar a história.
Ok que Gondry seja fascinado pelo surrealismo, que ele tenha esse pendor e saiba bem como aplicá-lo. Mas até então com base em narrativas orgânicas, sem que, no resultado final da receita, algum tempero tenha se sobressaído mais que o outro, o sabor, amargado. Sempre houve uma pertinência, caso de "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembrança", também um filme sobre uma história de amor que, embora seu caráter onírico e surreal, não perde jamais em lirismo.
O contrário ocorre com "A Espuma dos Dias". É mais direção de arte, animação, efeitos especiais do que roteiro, atuação, história. Transmite o mesmo efeito da espuma, passageiro, efêmero, porém insosso. Mesmo com um elenco de peso - Audrey Tautou, Romain Duris e o ator-humorista Gad Elmaleh -, o longa de Gondry quer ser mais surreal que o "rei" Boris Vian. Não funciona. Um filme de frieza invernal... Winter has already come for Gondry...
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